BSB Endurance: ótima prova para avaliar o desempenho

28/05/2012 10:28

            A prova Brasilia Triathlon Endurance é realizada a oito anos e somente no ano passado tomei conhecimento de sua existência. Talvez falte divulgação ou eu preciso pesquisar melhor as provas do calendário brasileiro.

            Fiz minha inscrição para utilizá-la como preparação para as provas de Regensburg e Nice. Bem encaixada no calendário, pois está a 4 semanas do IM Brasil, também torna-se uma ótima opção utilizá-la como preparação. No meu caso estava a 7 semanas das principais provas do 1º semestre.

            Minha intenção era finalizá-la em menos de 5 horas, mas com uma ponta de esperança de terminar em 04 horas e 30 minutos.

            A largada foi as 07 da manhã no pier da Mormaii que fica no Pontão do Lago Sul, mesmo local onde é realizada a etapa do Sesc Triathlon Brasilia. Eu havia nadado no lago Paranoá em 2011 quando participei da prova do Sesc e além do "peso" da água tive que enfrentar o frio. Nado travado.

            Imaginei que este ano, com a temperatura da água mais alta e o clima colaborando, faria uma natação mais solta. Foi só imaginação. O lago pesa e se não estiver em dia com os treinos de natação não terá trégua. Fechei os 1900 m da natação em 37 minutos, em média 10  minutos atrás dos primeiros colocados, e fui para o pedal.

            O circuito com 6 voltas de 15 km era muito bom e rápido. Saindo da transição havia uma pequena subida na ponte Costa e Silva e em seguida outra subida na alça de acesso a avenida que pegamos em direção a ponte JK. Até a JK o trecho era em aclive pouco acentuado. Chegando no retorno que dá acesso a ponte JK, fazíamos a alça completa para pegar o outro lado da avenida e aí era só alegria. Um trecho longo em declive, com pouco vento, até alcançar o retorno que dá acesso a ponte das Garças. Novamente fazíamos a alça completa e acessando o lado oposto da avenida seguíamos em direção a ponte Costa e Silva. No acesso a ponte Costa e Silva pegávamos o sentido inverso, descendo o retorno na contra-mão para chegar até a frente da transição e concluir a primeira volta. Este acesso no sentido inverso era o único que exigia mais atenção, pois era uma curva muito fechada. As demais alças de acesso podiam ser realizadas em alta velocidade fazendo uma descida rápida e embalada para pegar a subida de acesso em ritmo forte.

            Eu pedalei bem, ou melhor, muito bem, como nunca havia feito antes. Minha média se mantia acima dos 38 km/h. A cadência, diferente das provas anteriores quando a média ficava entre 78 e 82 rpm, desta vez mantinha-se em 95 rpm. Estava pedalando solto (termo normalmente utilizado na corrida, mas que cabe aqui) e abusando das marchas, bem diferente de outras provas que raramente trocava as marchas. A cada volta percebi que poderia manter o ritmo e sair bem para a corrida. Como sempre ao longo da prova vou fazendo meus cálculos para saber se tenho condições de atingir meu objetivo. Na última volta, empolgado com a possibilidade de fechar os 90 km para menos de 2h e 20 min. aconteceu o que todo ciclista / triatleta teme, o pneu furou. Estava subindo a alça de acesso da ponte das Garças em direção a avenida quando aquele barulho infeliz do pneu murcho rolando no asfalto começou. Completei a alça e pensei em ir desse jeito até o fim, pois estava no quilometro 87. Repensei e parei para trocar o pneu afinal acabaria com a roda.

            Graças a uma benção havia um ciclista treinando que parou para me ajudar. No início achei que isto poderia me desclassificar, mas depois relaxei. Tirar o pneu foi difícil, parecia que era menor que a roda, mas com muito esforço saiu. Trocamos a camara e quando peguei a bomba para encher o rapaz me ofereceu seu cartucho de CO2. Nem acreditei, isto sem dúvida poupa uns minutos.

            Juntei toda a tralha de qualquer maneira e coloquei por baixo da camisa, outra ótima dica do ciclista que me ajudou, e continuei para fechar o ciclismo em 11 minutos a mais, terminando os 90 km em 02 hs e 33 min.

            Entreguei a bicicleta e sai para a corrida, um pouco desanimado, mas não entregue. Queria correr bem para comprovar que os treinos estavam no caminho certo. Foram 4 voltas na região do Lago Paranoá com um trecho beirando-o. Circuito muito bom com a hidratação, muito bem distribuída ao longo do circuito, com água e gatorade. A primeira volta foi muito boa, e logo após abrir a segunda volta senti fortes cãimbras na parte posterior da coxa. Precisei parar e um staff da organização me ajudou a alongar. O problema é que ele pediu para deitar para alongar a panturrilha, que não era o local da cãimbra, e eu, sem pensar apenas querendo resolver logo, deitei no asfalto quente que nem senti. Aí disse que a cãimbra era na posterior da coxa e pediu para que eu levantasse para alongar. Nessa hora chegou outro rapaz que estava treinando para a Maratona das Pontes que seria na semana seguinte e começou a "socar" minha perna para soltar a musculatura. Depois de uns minutos nessa situação continuei a corrida me controlando para evitar mais cãimbras. Ainda sentiria mais uma vez e precisei parar novamente para alongar e esperar a musculatura relaxar. Ao entrar no Pontão para fechar a prova senti que teria mais cãimbras, foi quando diminui o ritmo e alarguei a passada. Mesmo assim dei uns passos com uma perna mais esticada que a outra evitando dobrá-la muito.

            Cheguei fechando os 21 km da corrida em 01 h e 35 min e a prova, graças a benção de Deus que colocou  as pessoas que me auxiliaram nos imprevistos, em 04 hs e 46 min.

            O tempo ficou entre a intenção e a ponta de esperança, mas serviu sem dúvida para certificar os ganhos que venho obtendo com os treinos e mostrar que com a continuidade dos treinos e um pouco de sorte é possível transformar a esperança em realidade.